Iser Assessoria

Temos dinheiro sim, Paulo Guedes! Para já, não em 10 anos!

A estratégia dos ultra liberais e ultra direitistas ao ocupar o Estado e anunciar a “crise”: desmontar o próprio Estado, desfazer as conquistas dos trabalhadores e radicalizar as desigualdades sociais e políticas.

Imagem: diário causa operaria

Segue o artigo:

Escrevo do Brasil, país onde se mata por dinheiro e poder, e onde hoje reinam a mentira e a hipocrisia.

A Polícia Federal (PF) não consegue encontrar o Queiroz… vivo ou morto. Nem consegue identificar quem mandou matar a vereadora Marielle e seu motorista Anderson. Nem descobrir onde está Amarildo, vítima de tortura e assassinato por policiais. Aqui a Lava Jato revela o conluio criminoso entre corruptores – grandes empresários do setor privado – e diretores corruptos de estatais e dos três poderes da República. Um juiz de primeira instância coordena uma conspiração para condenar e prender sem provas um ex-Presidente capaz de ganhar a eleição presidencial. O juiz que ajudou o Presidente a se eleger vira Ministro da Justiça e autoridade maior da PF.

Já o Ministro da Economia diz que a salvação do Brasil está na privatização de todo, diz ele, todo o patrimônio do Estado brasileiro… entregando as riquezas da Nação nas mãos e nos bolsos dos atuais ou potenciais corruptores – os grandes empresários – do Brasil e do exterior. Estratégia dos ultra liberais e ultra direitistas ao ocupar o Estado e anunciar a “crise”: desmontar o próprio Estado, desfazer as conquistas dos trabalhadores e radicalizar as desigualdades sociais e políticas. E prometer um crescimento econômico sem empecilhos éticos, nem sociais, nem ambientais. Em suma, aprofundar a dominação da classe que detém o capital contra as classes trabalhadoras e despossuídas.

O Presidente, eleito sob suspeita de fraude – também chamado de Boçal + Nero (Nero recorda o imperador que ordenou o incêndio de Roma – acusa entidades não governamentais – as mesmas que têm defendido a conservação da Floresta e das águas, e dos povos que as habitam contra a voracidade das grandes empresas e bancos – de serem as prováveis responsáveis pelos incêndios que estão destruindo parte da Floresta Amazônica e do Cerrado, e cobrindo de cinza e fumaça vários biomas em estados como Rondônia, Mato Grosso, Minas e São Paulo e em regiões de fronteira com a Bolívia e o Paraguai. A mesma Lava Jato que se apresenta como líder da cruzada anticorrupção aparece, nos vazamentos revelados pelo The Intercept Brasil, como embusteira ao manipular as leis de forma a impedir o ex-Presidente de se candidatar e levando-o à prisão mediante conspiração marcada por conluios ilegais.

De mentira e hipocrisia se impõe uma política totalitária ao Brasil.

CRISE FABRICADA

Entre as mentiras maiores das elites no poder está a de que o Brasil está sem dinheiro. A mentira da “crise” foi forjada para justificar o desmonte da Constituição, o ajuste fiscal, as reformas trabalhista, da Previdência, e outras que garantam todas as liberdades para o capital e seus detentores. Sua agressividade se volta contra a educação e a saúde pública, contra a cultura, os povos autóctones e a soberania nacional. Tudo isso em nome de uma crise forjada, disfarçada em apologia à democracia e ao progresso. É em cima destas mentiras que se vira o Brasil, ex-campeão do desenvolvimento com alguma equidade, em campeão das desigualdades e discriminações, da disseminação do ódio contra o povo trabalhador e os povos quilombola, indígenas e pessoas de variada opção de gênero. A “crise” justifica congelar os gastos sociais e privatizar tudo, menos os gastos com a dívida pública e com a privatização de parte da arrecadação fiscal mediante securitização fraudulenta (PLP 459/17).

Basta olhar os cofres dos bancos e das companhias de investimento para ver que a crise está sendo fabricada na cozinha do Banco Central amasiado com o setor bancário e financeiro. O lucro líquido do setor bancário nos primeiros seis meses de 2019 chega perto dos R$ 50 bilhões, batendo todos os recordes anteriores. A regra consagrada pelo capitalismo financeirizado parece ser: quanto pior a situação social e econômica do Brasil, maiores são os rendimentos dos bancos e financeiras. E quanto de imposto os bancos pagam, em proporção ao que ganham? Eles são isentos de impostos sobre o lucro líquido! E os exportadores que eles financiam? Também são isentos, pela lei Kandir. E os especuladores das bolsas, estimulados e protegidos pela permissividade do órgãos de governo? Eles têm manipulado seus capitais especulativos nas bolsas, alcançando ganhos que chegam a 600 vezes mais do que o capital investido (Empiricus:  https://sl.empiricus.com.br/p/pe108-novo/?xpromo=XE-ME-TA-PE110V-X-X-NTV-X-D)

Mas há outros fatos que desmentem o discurso de Guedes da falta de dinheiro e que o nó fiscal está na Previdência. Maria Lucia Fattorelli, da rede Auditoria Cidadã da Dívida explica como a “crise” vem sendo fabricada e propagada pelo governo e a grande mídia para justificar as “reformas” que visam desmontar o Estado e seu papel constitucional de regente do desenvolvimento com equidade; para privatizar todo o patrimônio público, concentrar ainda mais a renda nas mãos dos rentistas, aprofundar nossa subordinação aos capitais transnacionais e à geopolítica unipolar dos EUA, e promover a recolonização Brasil. (https://auditoriacidada.org.br/video/nao-guedes-o-no-fiscal-nao-esta-num-sistema-que-fez-superavit-de-1-trilhao-em-10-anos/).

Mas recordemos outros superávits que, bem utilizados, poderiam contribuir para o reflorescimento da economia brasileira, sem necessidade de capital externo.

Não, Paulo Guedes e comentaristas econômicos ignorantes ou mal intencionados da Rede Globo e da Bandeirantes, o nó fiscal não está na Previdência, nem nos idosos que ontem eram os que construíam a Nação. O nó fiscal vem da perversa Política Monetária do Banco Central, da política de altos juros do Copom/BACEN, dos mecanismos de swap cambial e da remuneração das sobras dos bancos. Destravando os trilhões que estão gerando lucros exorbitantes para os bancos, escassez de moeda, desemprego crônico e redução do poder de compra dos que vivem do seu trabalho o Brasil deslancha sem necessidade das suas enganadoras reformas. Que tal vocês focalizarem no enxugamento dos gastos de remuneração e custeio dos três poderes da República, na criação de uma remuneração cidadã que garanta o mínimo direito à vida a toda a brasilidade e na promoção democrática de uma reforma tributária justa e efetivamente progressiva.

Não, amigo Maringoni. Não precisamos imprimir mais moeda. (https://www.diariodocentrodomundo.com.br/nao-tem-dinheiro-a-saida-e-emitir-dinheiro-por-gilberto-maringoni/)

Precisamos sim, degelar os recursos detidos pelo BACEN e pelo Tesouro, estancar a ciranda financeira (“quanto mais o Brasil paga, mais deve”), romper com o sistema da dívida fazendo uma auditoria íntegra e eficaz da dívida pública, e renegociá-la como parte essencial de um novo pacto nacional soberano. Tudo isto visando a radicalização da democracia nos campos da economia e da política, a edificação de uma estratégia de desenvolvimento a serviço da vida e não do lucro, em harmonia e não em confronto com a Natureza, a criação de mecanismos e políticas que distribuam com justiça e equidade o acesso responsável aos bens comuns públicos e aos benefícios do desenvolvimento econômico, e uma governança que vise a promoção do empoderamento da sociedade trabalhadora como protagonista principal do bem viver e do desenvolvimento socioeconômico e humano do nosso Brasil, em sintonia solidária com os povos irmãos da América Latina, da África e da Ásia.

 

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