Esse foi o tema de uma mesa coordenada pelo professor José Eli da Veiga do Instituto de Estudos Avançados dos USP para discutir o cenário traçado pela Encíclica Laudato Sí frente às mudanças climáticas.
Como as religiões têm reagido diante da escalada dos impactos ambientais negativos do processo civilizador? Ou melhor: como têm adaptado suas doutrinas ao que os historiadores ambientais denominam “A Grande Aceleração”, desencadeada em meados do século passado, justamente o que tende a definir – sob o prisma científico – o Antropoceno?
Um claro posicionamento surgiu com a Encíclica Laudato Sí, que está no centro da apresentação do sociólogo Ricardo Abramovay, professor sênior do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam/IEE/USP). Para ele, a principal virtude dessa Encíclica reside no esforço de colocar em questão os modelos de produção e consumo em torno dos quais a vida econômica contemporânea está organizada. Ela não aponta o dedo apenas contra os gigantes fósseis. É uma peça de acusação contra o poder das corporações globais, seus objetivos e os meios que usam para atingi-los. Também contribui muito para o diálogo entre ciência e religião ao postular que mudanças da magnitude necessária deverão se apoiar em redefinição dos próprios objetivos da oferta de bens e serviços, sob o ângulo da ética e da espiritualidade.
Para comentar e debater tais proposições a conversa contará com a especialista Paula Montero, professora titular do departamento de antropologia da FFCLH/USP, pesquisadora do Cebrap e coordenadora adjunta da Fapesp.
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